Ah... senta aqui comigo, que essa história não é curta não. Mas te garanto... vale cada segundo.
Promete que vai ouvir até o fim? Porque só quem escuta até o fim... entende o valor que um cachorro pode ter na vida da gente.
Foi lá pelos anos 70, quando eu era só um moleque correndo descalço na estrada de terra da fazenda do meu pai.
A gente não tinha muito, sabe? Mas também não faltava o que importava: liberdade, céu azul... e o barulho do mato.
Um certo dia, achei uma caixa de papelão jogada perto do galinheiro. Quando fui ver... ali dentro, tremendo, com os olhinhos cheios de remela, tava ele:
um filhote de pelo amarelado, magrinho que só, mas com um olhar que... rapaz, era como se ele já me conhecesse fazia tempo.
Dei o nome de Caramelo. Simples, como ele.
Aquele cachorro cresceu comigo. E não foi só do meu lado, não...
Ele foi meu amigo, meu confidente, meu anjo da guarda.
Me esperava voltar da escola, corria atrás da bicicleta, latia quando o céu fechava como se dissesse: “vai chover, moleque, entra pra dentro!”
E teve um dia... que eu nunca esqueço.
Eu devia ter uns doze anos. Tava pescando num riacho que tinha ali perto, quando escorreguei numa pedra e bati a cabeça.
Apaguei.
Dizem que foi o Caramelo que saiu correndo até em casa, latindo desesperado, puxando meu pai pela calça até o rio.
E foi assim que me acharam.
Se ele não tivesse feito isso... talvez eu nem tivesse aqui pra contar essa história agora.
O tempo passou. Fui crescendo, namorei, casei, tive filhos. E o Caramelo? Sempre ali. Já meio cego, andando devagar...
mas mesmo assim, quando ouvia minha voz chegando no portão, ele abanava o rabo como se fosse aquele filhote da caixa de papelão.
Lembro da última vez que ele correu.
Foi num fim de tarde, desses de céu alaranjado bonito, que parece que o tempo para.
Ele olhou pra mim... deu uma voltinha, deitou no chão da varanda e... ficou olhando o horizonte.
Respirou fundo, como quem diz "obrigado", e fechou os olhos.
Foi assim, sem sofrimento.
Foi como se ele soubesse que o ciclo dele tava completo.
Às vezes, quando o vento bate de um jeito diferente...
eu ainda ouço o som das patinhas dele no chão de madeira.
E quando fecho os olhos... vejo ele correndo livre, num campo que não tem mais dor, nem idade.
Sabe, tem gente que diz que cachorro é só um animal.
Mas pra mim... o Caramelo foi um pedaço da minha alma com quatro patas.
Se você tem ou já teve um cachorro, você entende.
Se não tem... espero que um dia tenha.
Porque nada nesse mundo ensina mais sobre amor incondicional do que os olhos de um cão.
Então fica aqui comigo até o final dessa história.
E se tocou teu coração... se inscreve lá no canal CÃES BRASIL, porque tem muita história bonita que ainda quero dividir contigo.
Quem sabe, um dia, a próxima história que eu conte... seja a sua.
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